segunda-feira, maio 23, 2011

Livres 2011


Assim como é a nossa vida - como um vapor - concluiu-se mais uma edição da Conferência Livres.

Confesso que encontro bastante dificuldade para descrever o que vivemos nesses dias, mas desejo, aqui, de forma singela, expressar minha gratidão ao nosso SURPREENDENTE SENHOR por toda graça derramada sobre nós!

O nosso muito obrigado, também, aos ministros que aceitaram nosso convite para fazer parte (como nos disse o Pr. Ed René) dos 15 minutos que nos permitem recuperar o fôlego para os próximos 45.

Obrigado Pr. Ariovaldo Ramos, Prof. Adauto Lourenço, Pr. Ed René Kivitz, Jason Upton, Pr. Mark hall, Casting Crown, Cinco Am, aos voluntários e a toda equipe do Livres!

E o nosso muito obrigado a você (que veio de longe ou de perto) por ter atraído o olhar do Senhor pela intensidade da busca do seu coração. Sabemos muito bem que, se algo foi derramado nesses dias, foi por causa de vocês, não de nós.

Neste espaço, caso não tenha tido a oportunidade durante a conferência, convido você a deixar um recado aos ministros a quem você gostaria de deixar palavras de incentivo e amor. Faremos com que eles as recebam.

Caso você queria deixar um comentário que expresse algo realizado, falado, experimentado no Senhor nesses dias, fique à vontade! Além de mim, existe um exército de voluntários que ficaria muito feliz em saber o que foi para você passar pelo Livres 2011.

O nosso amor a todos e até o Livres 2012!

quinta-feira, março 24, 2011

Sal da Terra e luz do mundo - PARTE 1

Sal da Terra e luz do mundo - Parte 1 from Fórum Cristão de Profissionais on Vimeo.

Onde está o limite de Deus?

Por José Barbosa Junior

Antes de qualquer outra palavra faço uma afirmativa categórica: creio na soberania de Deus e que Ele é Todo-Poderoso.

Digo isso para que não retirem texto do contexto… e afirmem o contrário depois. Conheço bem a inquisição evangélica e sei do que ela é capaz.

Mas quero conversar um pouco nesse texto sobre um tema que tem sido cansadamente debatido nas redes sociais, em especial no twitter, com acusações das mais diversas e que saíram da linha da discussão de ideias para infelizes e destemperados ataques pessoais. Quero falar sobre os limites de Deus. Deus se limitou? É verdade que Deus abriu mão de sua soberania em nome de Seu amor? Afirmar que sim é trazer contra si todo a artilharia calvinista, que tem como carro-chefe de sua teologia a “Soberania” de Deus! Só que essa teologia calvinista também está baseada num Deus limitado.

Se por um lado, o livre-arbítrio está baseado num Deus que se limita por seu amor, do lado calvinista temos um Deus que se limita por causa do seu “decreto”. Ou seja, de um lado ou de outro temos um Deus que decide limitar o seu Todo-Poder por uma decisão: seja a de amar, seja a de decretar.

Como assim?

Para não dizer que quem pensa contrário à “soberania calvinista” gosta de filosofia e outras ciências, quero me ater, pura e simplesmente às Escrituras Sagradas. E interpretá-las da forma mais simples que um texto pode ser interpretado, daquela forma que o mais simples e o mais culto interpretariam.

É notório, desde o Antigo Testamento, que Deus tinha um propósito em mente: TODAS as famílias da terra abençoadas (ou há uma interpretação exclusivista para o texto de Gênesis 12.3?). Sim, não há como fugir de um Deus, durante toda a história, querendo se revelar a TODOS os povos, a TODAS as gentes…

Mas a coisa piora no Novo Testamento, quando Paulo afirma claramente em sua primeira carta a Timóteo: “Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual DESEJA que TODOS OS HOMENS sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2.3-4)

Opa!!! Como assim??? Então temos um Deus que deseja que TODOS sejam salvos, que quer abençoar TODAS as famílias da Terra, e é Todo-Poderoso? É claro que surge a pergunta: E por que isso não acontece? A resposta calvinista é, queiram ou não admitir: “porque ele se LIMITOU pelo seu próprio decreto!” E chamam isso de expiação limitada. Sim… o Deus calvinista também é um Deus limitado! Por mais que QUEIRA salvar a todos, por mais que tenha TODO O PODER para tal, em sua “soberania” decidiu abrir mão de salvar a todos (o que poderia fazer, já que é Todo-Poderoso) por causa do seu decreto.

Entenderam como toda essa discussão, na verdade, é só pra ver qual “limite de Deus” aceitamos?

O Deus calvinista não salva quem ele QUERIA salvar porque se viu refém do seu decreto. Logo, sua soberana vontade cai diante daquilo que é maior: o seu decreto!

O Deus do livre-arbítrio não salva a todos quanto gostaria de salvar porque decidiu se relacionar por amor, e correr o risco de, amando, não ter esse amor correspondido. Se viu refém do seu amor!

Estamos diante de um Deus limitado, meus queridos, por sua própria vontade. Um Deus que abre mão de seu Todo-Poder, ou por decreto, ou por amor…

Só há um problema…

Em parte alguma das Escrituras (e retorno a elas para terminar, sem filosofia) encontro a afirmativa de que Deus é decreto… mas, soberanamente, encontro a maravilhosa exclamação sobre Deus: “Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque DEUS É AMOR!” (1 João 4.8)


A paixão humana

Por Paulo Brabo

Fui esta tarde com o Ivan assistir The Passion Of The Christ. Confesso que estava hesitando em assistir o filme, porque ficava me perguntando se seria justo com Jesus enfocar o sofrimento dele como cerne da sua mensagem.

Pois fui e gostei. Chorei a maior parte do tempo, mas isso já era de se esperar. Como cinema e como celebração do Espírito de Cristo, achei muito legal. Nada foi fortuito e todas as passagens e flashbacks muito bem amarradinhos. Fiquei com mais pena de Pilatos do que Jesus, é verdade, mas Jesus sabia o que estava acontecendo.

Rolou, entretanto, um vazio existencial quando saí do cinema. Não que eu tenha sentido que o filme tivesse sido insuficiente, injusto ou deficiente. Pelo contrário, fica claro que Mel Gibson atirou-se de corpo e alma na sua missão e produziu o filme sobre Jesus mais fiel ao Espírito de Cristo que jamais vi. Como é bom ver um Jesus que não é soft – que parece um cara, não um ET ou um delicado andrógino que qualquer vento derruba. As tensões da multidão, as grandes farsas, as tremendas traições e os pequenos heroísmos foram representados de forma magistral.

Parte da minha frustração, naturalmente, advem do fato de perceber que não vivo de forma digna do Senhor que o filme celebra. A consistência irrepreensível de Jesus contrasta de forma dilacerante com a minha própria inconsistência. Mas não creio que esse sentimento seja ruim. É uma coisa boa.

Concluo, no entanto, que minha frustração com o filme não vem só disso. Vem, no final das contas, do fato do filme ser apenas um filme. Isso é que no final das contas me soou imperdoável, ver a mensagem de Cristo reduzida a um vouyerismo de celulóide.

Estava tristemente certo o cara que disse que o meio é a mensagem, porque o veículo apropriado para a mensagem cristã não é um filme. Não é o celulóide. Não é nem mesmo um livro, porque senão o Antigo Testamento teria bastado. Há na verdade um só vaso (um só meio) que comporta a mensagem cristã: uma vida humana, um corpo humano, um exemplo humano – uma paixão humana. E a vinda, a história e a ressurreição de Jesus são justamente a prova definitiva e irrefutável disso. Jesus redimiu a condição humana ao ponto de tornar um corpo humano um vaso puro capacitado a representar e estabelecer o reino de Deus na terra. Por isso é que celebrar a mensagem de Cristo sem que seja através do veículo que ele nos desafiou a usar (nossa vida, nosso corpo, nosso exemplo), é em última instância insuficiente e – temo – contraproducente.

A Paixão de Cristo não tem verdadeiro valor quando é reencenada, mas quando é vivida. Eu é que deveria estar fazendo isso.

Isso é que é imperdoável.


domingo, março 20, 2011

Poder e sucesso, justiça e santida

Por Jung Mo Sung

A nossa esperança e o nosso testemunho não podem ser fundados na fé em Deus-poder ou na divinização de alguma pessoa, grupo social ou instituição. A fé cristã nos apresenta um caminho inverso: ao invés da divinização de um ser humano muito poderoso ou de alguma instituição social (como o mercado) ou religiosa – proposta sedutora de muitas religiões e ideologias sociais –, o Evangelho de Jesus nos propõe um Deus que se esvazia do seu poder divino para entrar na história como escravo, e como escravo se assemelhar ao humano (Filipenses 2.6,7).

Deus se revela no esvaziamento do poder para mostrar que o poder e o sucesso não são sinônimos da justiça e da santidade. Pessoas ou igrejas que se consideram justas e santas porque são ricas e/ou poderosas ou porque têm muito ibope não conhecem a verdade sobre Deus e sobre o ser humano. Não é a riqueza que lhes dá dignidade e justifica a sua existência; a nossa existência está justificada e nós somos dignos antes da riqueza, poder ou sucesso, pois nós somos justificados pela graça de Deus que se esvaziou do poder porque ama gratuitamente a toda a humanidade e a toda a criação.

Essa fé e esperança podem ser experienciadas quando perseveramos na nossa opção pelos pobres e por uma Igreja mais servidora do Povo de Deus, mesmo quando a contabilidade de nossa luta e a frustração pessoal nos diz que não há mais por que esperar. No momento em perseveramos somente porque amamos é que podemos testemunhar esta esperança que é a esperança cristã, que nasce da morte na cruz de um Deus encarnado.

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Jung Mo Sung é professor no Programa de Pós Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo e concentra suas pesquisas na relação entre teologia/religião – economia – educação.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

O texto e o seu contexto


Eu me lembro do tempo em que era seminarista, durante as aulas de hermenêutica bíblica (a arte de interpretar a Bíblia), quando o nosso professor constantemente nos advertia quanto aos perigos do uso de um texto bíblico apenas como pretexto. Ou seja, não deveríamos desrespeitar o que um determinado texto dizia dentro de um contexto maior.

Por exemplo, hoje, pelo Twitter, havia registrado uma série de pensamentos relacionados à confissão e comunhão. (Se não me engano foram uns 10 tuítes seguidos) E depois de perceber o feito, me lembrei de alguns comentários que havia visto no passado referentes a indivíduos que expressavam suas ideias de forma exaustiva através do micro-blog. Eram comentários do tipo: "Tem gente que não sabe pra que serve um blog" ou "Tem gente que não sabe pra que serve o Twitter". Consequentemente, esta memória me fez tuitar: "Não sei pra que serve um blog :)"

E, para minha surpresa, quando voltei ao meu computador depois de horas, percebi que haviam algumas respostas especificamente direcionadas a esse tuíte. Respostas do tipo: "É, eu tb não sei pra que serve um blog". Ou: "O q? O Juliano não sabe o q é um blog? Como assim?" Alguns, em graça, buscando me ensinar: "@JulianoSon um blog é isso e isso e..." E também outros, que acharam que eu estava fazendo uma crítica à existência dos blogs, escreveram: "Você nunca foi abençoado por um blog? Me perdoe, mas eu já fui". Entenderem, né?

O que aconteceu? Cometeram o mesmo engano que muitos cometem ao lerem e buscarem compreender um texto fora de seu contexto. Muitos não percebem que a compreensão de um texto se dá a partir da compreensão de todo um cenário maior. Inclusive, livros bíblicos inteiros não podem ser compreendidos, na sua totalidade, fora do contexto de TODA a Bíblia.

Obviamente, existem enganos que não são sérios. Dizer que eu não sei o que é um blog ou que eu não reconheça a utilidade do mesmo para a glória do Senhor é um engano leve. Da mesma forma, é leve o engano quando muitos interpretam o texto de Mateus 3:11 da maneira como eu interpretava.

Disse assim João, o que batiza:

"Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo".

Eu, como cristão carismático, por algum tempo não havia prestado atenção no contexto do texto e logo associei o fogo, aqui mencionado, com aquilo que chamamos carinhosamente de o "fogo do Espírito" (uma manifestação mais intensa em/de nossos sentidos gerado pela percepção da Sua realidade, presença, graça etc.) Mas, ao prestarmos atenção no texto ao redor deste texto adquirimos a compreensão de que fogo, aqui, não se trata deste "mover" do Espírito, mas fogo, aqui, traz o sentido de juízo divino. (Faça a leitura do contexto imediato do texto)

Existem, porém, erros mais sérios. Erros que podem custar tudo. Por exemplo, I Jo 4:15 diz que:

"Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele, em Deus".

Gostamos muito de usar textos isolados, frases como estas nos momentos de evangelismo, onde percebemos que mesmo pessoas sérias e bem intencionadas buscam arrancar confissões semelhantes a fim de assegurar a salvação da pessoa evangelizada.

Mas, o que significa confessar a Jesus apenas no contexto de I João? Seria somente verbalizar ou reconhecer que Jesus é o Filho de Deus? Não confessam igualmente os demônios acerca de sua filiação?

Apenas no contexto deste pequeno livro (carta) percebemos que o confessar a Jesus se realiza de forma vivencial onde o ódio ao pecado, o amor a Deus e ao próximo são expressos. É só ler todo o livro e facilmente visualizamos uma realidade muito mais abrangente. Aliás, ler livros inteiros, em uma só sentada, faz muito bem para a compreensão ou hermenêutica do texto.

Não nos apeguemos a textos isolados, conheçamos Sua Palavra.

O Senhor nos abençoe.

Abs fraternos!